Vou-me embora pra Japárgada
Vou-me embora pra Japárgada
Lá sou amigo do imperador
Lá tenho a japa que eu quero
No tatame que escolherei
Vou-me embora pra Japárgada
Vou-me embora pra Japárgada
Aqui o povo não é feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo consequente
Que Himiko, a xamã de Yamatai
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei Kendô
Andarei de trem-bala
Praticarei Shodô
Verei as cerejeiras em flor
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do Fuji
Mando chamar Izanami
Para me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Musashi vinha me contar
Vou-me embora pra Japárgada
Em Japárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a mediocrização
Tem robozinho automático
Tem sushi à vontade
Tem gueixas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de fazer o harakiri
— Lá sou amigo do imperador —
Terei a japa que eu quero
No tatame que escolherei
Vou-me embora pra Japárgada.
- Gustavo Ribeiro (paródia de poema de Manuel Bandeira, "Vou-me embora pra Pasárgada)
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