Óleo de Banha

Pesquisador da UnB desenvolve técnica de produção de combustível a partir de restos de frigoríficos


Marty McFly precisa voltar ao passado para salvar a própria pele, mas o DeLorean está sem combustível. Dr. Bown pega uma lata de lixo e despeja, sem hesitar, o conteúdo dela no tanque do carro. Ficção? Ainda sim, mas a cena de De Volta para o Futuro nunca esteve tão próxima da realidade. Pesquisadores da Universidade de Brasília descobriram um jeito de produzir combustível semelhante ao óleo diesel utilizando restos industriais de frigoríficos. Isso mesmo! Penas de aves, vísceras e miúdos, entre outras nojeiras, agora poderão servir para gerar energia e abastecer caminhonetes e tratores com a vantagem de, assim como o DeLorean, gerar pouca poluição.

A pesquisa faz parte do projeto “Craqueamento térmico de biomassa derivada de fontes animais e vegetais e da utilização de resíduos agroindustriais”, e é feita pelo mestrando em Química André Luiz Ferreira dos Santos. Santos recebeu pelo trabalho o primeiro lugar no Prêmio Petrobras de Tecnologia 2006, categoria mestrado.

A geração do biocombustível se dá por meio do processo de craqueamento, que consiste em aquecer o material a uma temperatura de 400ºC. O aquecimento provoca a quebra das moléculas orgânicas e gera óleo, gás carbônico e água. Quanto mais gordurosa for a matéria-prima, melhores os resultados. A miniusina instalada na UnB, a primeira do tipo no país, é capaz de gerar 200 litros diários de combustível.

A principal aplicação do bioóleo seria o de geração de energia elétrica para agrovilas que ainda têm problemas de eletrificação. Com a produção em motores estacionários, essas populações teriam, além da energia elétrica, nova fonte de renda. “Essas pessoas teriam de conseguir restos alimentícios nas grandes indústrias, o que não é caro, para transformar em biodiesel utilizado no transporte e geração de energia elétrica”, explica Santos.

No entanto, ainda não há data para a técnica começar a ser utilizada em larga escala, pois não existe regulamentação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que especifique parâmetros de qualidade para a comercialização do bioóleo. “Já conhecemos a técnica, agora aguardamos uma regulamentação”, diz Paulo Anselmo Ziani Suarez, o coordenador do projeto, que em 2005 recebeu da UNESCO o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia por seu trabalho.


(Texto escrito para a versão impressa do jornal-laboratório dos estudantes de jornalismo da UnB - Campus)

2 comentários:

Gabriel disse...

uma vez vi um cara na tv que adaptou o carro dele pra usar óleo que sobrava de frituras. Os vizinhos falaram que a chegada dele em casa era anunciada por um cheiro de frango.

Aline disse...

Uau! O meu Instituto é show demais! :)
Falando sério, gostei muito do teu texto, eu já tinha escutado sobre isso por lá no IQ, mas ler uma matéria sobre foi muito legal :)!

Gustavo, não sei se vc lembra de mim, mas fizemos japonês juntos, em um passado nem tão distante assim...:)

beijos pra ti e quero ter em mãos, logo logo, essa edição do Campus... :)